segunda-feira, 22 de julho de 2024

História da Fazenda Retiro em Iati - PE


Texto do Prof. Carlos Ubirajara 

A Fazenda Retiro objeto do nosso pequeno relato se situa na porção sul do município de Iati mesorregião agreste do Estado de Pernambuco distando 5 quilômetros a leste da divisa com o Estado de Alagoas. A referida fazenda possui uma comunidade negra com fortes raízes históricas uma vez que em meados do século XIX funcionava como mercado de negros, objetivando abastecer os fazendeiros locais tendo em vista que a referida propriedade rural se encontra em posição geográfica privilegiada inclusive na rota dos escravos contribuindo assim para a demanda por mão de obra na região.

História da escravidão negra no Brasil pode assim para Pernambuco como o primeiro porto Brasileiro de desembarque dos infelizes negros para aqui carreados e vendidos como peças ou trocados por uma simples garrafa de aguardente entre mercadores negreiros e Senhores de engenho de açúcar das Capitanias de São Vicente, da Bahia de Pernambuco e então logo chegados ao Brasil e logo após uma pequena triagem de refresco nos portos de desembarque eram encaminhados para o interior e os dois centros mais importantes de importação eram Pernambuco e Bahia e a distribuição do elemento servil para o interior pode ser dividida em grandes ciclos, como o da agricultura e indústria pastoril e o da mineração

No caso do Retiro os negros eram utilizados no cultiva de lavouras de milho feijão e algodão e no manejo de gado bovino onde eram experts.

A presença escrava na região do Agreste e Sertão Pernambucano e contemporâneo das origens de Pesqueira, uma vês que conforme o trabalho ( 1982,124-129 ) foi oficializada em 23 de dezembro de 1671, por resolução D. João IV a distribuição de terras Pernambucana a Bernardo Vieira de Melo e outros (aí incluídos o comandante João José ), atingindo as terras “terras do Ararobá e campos de Buíque,” de acordo com o despacho publicando no livro documentação Histórica Pernambucana, Sesmarias, I, 74-75. Dentre a gigantesca Sesmaria do Ararobá destacam-se as terras de: MINOSO e MACACO, em terras do primitivo Município de Pesqueira e Arcoverde; limitação o município de Quipapá – PE.

A penetração de gado para o interior – que foi preponderante na ocupação, foi determinada por uma série de fatores, como a necessidade de manter o gado afastados das áreas agrícolas litorânea; a ocupação holandesa, que acelerou ainda mais a transferência de criadores de gados das áreas próximas à costa para a Sertão. Utilizando os rios, sobretudo o São Francisco, como condutos da penetração. Com a expulsão dos holandeses, já era expressivo o povoamento do sertão e do agreste e, grupos organizados já haviam derrotas indígenas e conquistado áreas de pastagens.

A região ocupada pela Fazenda Retiro que houvera sido doada em sesmaria conforme acima citado, ao Comandante João José Siqueira de Araújo em meados do século XIX antes da abolição da escravatura do ponto de vista natural, com clima semiárido situando-se na zona de transição para o clima úmido da região da mata alagoana dificultava a proliferação de verminoses e de epizootias; além disso havia uma pastagem natural boa para o gado, no período das chuvas, formando uma ilha úmida onde podia se criar o rebanho bovino com uma certa vantagem. Neste sentido o comandante João José capitão de navio negreiro através da cidade de Penedo situada no estado de alagoas, trazia os escravos vindos de Angola e da Guine Bissau na África para desenvolverem o manejo do gado bovino e das culturas agrícolas. Transformando também a referida propriedade em mercado negreiro uma vez que naquela localidade se negociava os servis.

Alguns negros fugidos da propriedade fundaram a cidade de Iati antes denominada Mocambo (casa velha de taipa habitada por negros).

Após a libertação dos escravos foram doadas as famílias dos negros (Caiú, Prejo, Macambira, Cambira, Bilú etc.) mais afeiçoados com a família Siqueira Cavalcanti e depois Ubirajara, onde seus descendentes permanecem até os dias atuais mantendo praticamente intacta a sua cultura como o samba de coco, as novenas com forte conotação africana e alguns lampejos da Capoeira. 

Fonte: Facebook da Associação Quilombola Sítio Limpo do Feijão de Iati.

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